terça-feira, 19 de novembro de 2013

DOZE ANOS DE PRISÃO POR MENTIRA DA FILHA - Por HUMBERTO PINHO DA SILVA


 





Asseveram os psicólogos, que a criança, é, por natureza, mentirosa e imaginativa. Sempre que descreve episódio que presenciou, acrescenta pormenores, fruto da imaginação fértil.

Todavia mostra-se exigente nos relatos dos outros, como afirma Maurice de Fleurey - “ Le Corps et l’Alme de l’Enfant”: “ Revelam-se (se) zelosas da verdade quando se trata da discrição de outra pessoa.”

Fá-lo alegremente, para sentir o prazer de emendar o adulto.

O introito vem no intuito de abordar o insólito caso, que esteve em voga, em França, no início do século:

Virginie, de 14 anos, frequentava colégio em Reims. Em íntima confidencia, segredou a amiga, que fora violada pelo pai, empresário, de origem portuguesa.

Pediu-lhe, todavia, encarecidamente, que não revelasse o segredo.

Por que mentiu? Por vaidade? Por complexo de Eróstrato? Por criancice? Não sei.

Sei que no dia imediato, a colega revelou, à puridade, o escabroso incesto.

Horas depois a diretora da escola, teve conhecimento, e comunicou-o à polícia.

Começou aqui a tragédia. A menina foi imediatamente retirada da família, e os pais, interrogados, separadamente.

O pai, atónito, nega. A mãe, aflita, pede para conversar com a filha. É-lhe negado.

Perante o mutismo da menina, nos interrogatórios, o advogado, aconselha o pai, para aliviar a pena, que confesse que houve realmente ligeiras carícias. O jurista receava que o cliente viesse a perder a empresa e até a própria residência.

António Madeira foi levado a julgamento, realizado em Junho de 2001. Perante a juíza, a filha - por timidez ou vergonha, - manteve-se em absoluto silêncio. Respondia por sinais.

Bem declarava a mulher Lucília Marques, que o marido estava inocente; que tudo era invenção da filha. Talvez para encobrir leviandade, mas ninguém a ouviu.

Dois anos passaram. Virginie tem 17 anos. A pedido da mãe, a juíza, autoriza o encontro com a filha. Estamos em Julho de 2002. Virginie encontra-se internada no foyer ( lar de crianças violadas e maltratadas).

No encontro, a menina, declara:

“ Mamã: o papá está inocente!”

Confessa que se comportara assim, porque sentia ciúmes do irmão, que, por ser doente, recebia os carinhos dos pais.

Ao ter conhecimento que o falso incesto se espalhara, faltou-lhe coragem para desmentir.

Nunca pensou que o pai fosse condenado a 12 anos de prisão. Para ela, os inocentes, não eram presos.

Mergulhada em terríveis remorsos, ao atingir a maior idade, escreve ao Presidente da República Francesa e a deputada. Tudo foi em vã.

A 27 de Fevereiro de 2006, dirige-se ao Instituto de Medicina Legal de Coimbra, para submeter-se a exame.

Verificaram que era virgem. A polícia francesa enganara-se, devido a operação que realizara quando tinha seis anos.

Tudo está publicado no livro “ J’ai Menti” de Brigitte Vital-Durand, coadjuvada por Virginie.

O caso caiu no esquecimento, mas é aviso sério para os que julgam e investigam, casos semelhantes (*).

Como a justiça se engana! Como a mentira de uma filha, pode levar o pai à prisão!

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* - Recentemente, em Portugal, menina de 15 anos, contou a uma professora que o pai a violava e maltratava. Imediatamente retiraram-na da família, e o pai foi preso e impedido de ver a filha.

Decorrido um mês e alguns dias, esta disse à madrinha, que o pai estava inocente. Mentira, por raiva de lhe ter batido. - “ Jornal de Notícias” 29/07/13.

publicado por solpaz às 11:02

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Sonhando - Por João Bosco Leal

de:
 João Bosco Leal  por  cli12668.p03me.com 
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 15 de novembro de 2013 02:01
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 Sonhando
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Senhor Editor,

eis um novo texto, Sonhando, para sua publicação.

Obrigado

João Bosco Leal


Sonhando

Sem a interferência de imagens e sons, a mente humana pode nos proporcionar experiências inenarráveis. A ausência desses elementos facilita a concentração e permite que não nos desviemos do foco.

Sentado, só e em silêncio, fecho os olhos e inicio uma viagem inigualável, que ultimamente tenho realizado com bastante frequência. Imagino só o que me agrada, que gostaria que ocorresse e me lembro de detalhes de situações já vividas.

Assim, posso sonhar, imaginar coisas ou pessoas, viajar, enriquecer, rejuvenescer, enfim, tudo, mas o que mais me agrada é pensar em minhas paixões, algumas mais e outras menos duradouras, mas paixões.

E quando pessoalmente reencontro alguma, apesar das atuais rugas e cicatrizes que a vida nos impôs, percebo que não envelheceu, pois em minha memória está gravada exatamente como eu a conheci e com ela convivi.

Vejo-a como era, e o inverso certamente também ocorre, pois é inconfundível o brilho no olhar das pessoas que se reencontram e que entre si nutrem boas lembranças. Por isso não entendo as que tentam esconder a idade, fingir que, cronologicamente, são mais novas do que realmente o são.

Os anos vividos sem dúvida deixaram marcas aparentes, mas certamente acrescentaram coisas que na juventude não possuíamos, como a capacidade de dar mais e cobrar menos, sorrir e abraçar mais, discutir menos e relevar mais.

As antigas paixões são a presença atual desse tempo, quando muitas coisas hoje sem importância alguma, impediam a continuidade daquele relacionamento que talvez pudesse ter se transformado em um verdadeiro amor.

Mas o melhor de todos os sonhos é imaginar que aquela paixão - a única que se transformou em amor -, retorna aos meus braços, jovem e linda como sempre foi, com seu inesquecível cabelo preso com uma trança.

E a sós nos encontramos, com nossas rugas sem importância, invisíveis para o outro, pois assim como as rosas, os amantes também envelhecem. Sem lágrimas, mágoas ou lembranças ruins, nos abraçamos e beijamos como se nunca tivéssemos nos afastado e reiniciamos nosso caminho.

Mesmo que só na imaginação, a felicidade do reencontro de quem ama é infinitamente maior que a do encontro, quando ainda não amava.

Nele as histórias comuns serão relembradas e outras contadas, impedindo assim que o outro tenha qualquer desconhecimento ou dúvidas sobre os passos dados por seu amor enquanto ausente.

As lágrimas e os sorrisos, as chuvas e secas, a fome ou a fartura por que passaram, serão partilhadas detalhadamente, dando fim às preocupações mútuas e proporcionando a retomada da tranquilidade.

Então, tranque a porta, feche a janela, apague a luz, feche os olhos e sonhe. Você nem perceberá as horas passarem, pois estará junto de quem sempre quis estar.                             

Jogue suas primaveras ao vento e o abrace, sinta-o ao seu lado, de onde nunca saiu ou sairá.

João Bosco Leal*    www.joaoboscoleal.com.br

*Jornalista e empresário


quinta-feira, 14 de novembro de 2013